O fim do fim da verdade absoluta
Um tempo atrás ganhei um livro com o título “O fim da verdade absoluta”, um presente de um amigo agnóstico, uma interpretação sobre a filosofia de Tomás de Aquino à luz do pós-modernismo. Refletindo sobre o título do livro, bastou um instante para se dar conta que já o primeiro enunciado do livro é falso, então, logo bateu aquele desânimo de lê-lo, pois se a primeira premissa é falsa, tudo está acabado, é uma casa construída na areia, um livro de 500 páginas, um grande discurso lógico de nada.
A lógica, objetivamente falando, nada tem a ver com a realidade, me explico, posso fazer um grande discurso longo e complexo, com sua estrutura interna bem construída logicamente, mas posso estar contando uma mentira, assim fazem os grandes mentirosos, contam uma boa mentira, pode ter sua estrutura interna logicamente perfeita, mas ainda será uma mentira.
Para uma conclusão ser verdadeira, é preciso que a premissa seja verdadeira, não a construção lógica.
Como dizia Aristóteles: ”um pequeno erro no começo se tornará um grande erro no final”.
Porque ler um livro de 500 páginas, se o primeiro enunciado do livro é uma das coisas mais fáceis de refutar e o próprio título do livro o desmascara? O tal título anuncia “o fim da verdade absoluta”, bom, se a verdade chegou ao seu fim, ela não é absoluta; eis a premissa ou tese central do livro: A VERDADE NÃO É ABSOLUTA! Aqui está sua primeira auto-refutação. O título do livro anuncia algo absolutamente verdadeiro ou algo que devo duvidar? A premissa se apresenta como uma afirmação verdadeira permanentemente, então isso quer dizer que existe alguma verdade absoluta.
Para afirmar que toda verdade é relativa, precisa-se utilizar uma afirmação que roga para si a autoridade de uma verdade permanente, ora, se existe uma verdade absoluta, porque não existiriam outras? O Autor usa o um conceito de verdade absoluta para se dizer que ela não existe, que coisa feia!
As pessoas que afirmam que a verdade absoluta não existe, elas normalmente fazem isto com tom de intelectualidade, porém, elas entram numa grande enrascada, afinal, esta afirmação acarreta uma série de consequências, como por exemplo: nem sempre 2+2 é 4, às vezes, 2+2 pode ser 516 (matemática).
Nem sempre a água tem a composição química de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, às vezes ela pode ser composta de cálcio e enxofre (química).
Ou que nem sempre dois corpos não podem usar os mesmos espaços, às vezes podem (física).
Os exemplos dados até aqui são da área das ciências exatas, mas, e na área de humanas, na moral, existem verdades absolutas?
Bom, se não existe verdade absoluta o princípio da não contradição está errado, seria então necessário afirmar que às vezes uma coisa pode existir e não existir ao mesmo tempo (filosofia).
Ou que o ser humano e o ser uma galinha não tem nenhuma diferença entre si, às vezes, eles são a mesma coisa (metafísica).
E o pior de tudo, o ponto mais fraco do homem que a afirma ser a verdade relativa é que ele precisa afirmar também que as preposições como: “cometer um assassinato para pegar o que pertence ao outro é errado”, ou, “ um adulto estuprar uma criança de um ano para satisfazer seus desejos sexuais é errado”, são relativas, e que às vezes isso é bom e normal (moral). Não bens objetivos.
Que enrascada o relativista se coloca, hein!?
Concluindo, a realidade está firmada em verdades estáveis. Seria impossível praticar a ciência se não houvesse princípios estáveis e permanentes, encontrar verdades absolutas é a razão mesma da ciência.
O convívio humano seria impossível se não houvesse princípios estáveis que guiassem nossos relacionamentos. Não estou falando de onde vieram todos esses princípios estáveis, para o cristão a resposta é muito simples, mas estou falando de que eles estão por aí, em todos os lugares. A realidade da verdade absoluta se impõe a nós, não a inventamos. Basta um instante de sinceridade e abertura a realidade para percebê-la.
É uma das coisas mais fáceis de se constatar, pois afinal sempre que você tomar um soco na cara vai doer. Se alguém não acredita que isto é uma verdade absoluta pode tentar fazer um teste, pedir para um amigo todos os dias te dar um soco, se a verdade não é absoluta pode ser que de repente, algum dia, não vai doer, e isso sim seria um forte argumento para o relativista!